sábado, 22 de novembro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
amor líquido
o meu amor bate em pedra dura e molha de suor qualquer faísca de paixão. o meu amor faz calor por todos os poros sem precisar se desmaterializar, vira brisa macia e paupável nas tonalidades e cor laranja.
meu amor é quase toda minha alma efêmera e submarina, da cabeça aos pés.
sábado, 13 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
minha via voa
eu tenho (só) um caminhão dentro do corpo
eu (só) tenho sonhos de boleia
eu penso (só) em ser outra numa aquela
eu (só) penso que só há destino torto
-
penso em migrar por grandes riscos - a longos prazos
sintonizar meu peito em ameaças - de longos braços
e me planejar para mais vida desregrada
e regar mais água e drama dentro dela - via.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
solidão: poeira leve
sábado, 17 de maio de 2008
nota pra quem nota - parte 1
vendo alma vagabunda com tatuaje del che
vendo o copo d'água amargurado, que dentro leva alma moída, talhada em milímetros
vendo a água de um copo que já bebi e deixei saliva seca na borda
troco o meu troco na bala por um petisco vencido que possa me sujar os dedos, "-facilite seu quitandeiro!"
troco o espelho de pó compacto, quebrado em quatro por qualquer cópia fajuta num quadro de Magdalena Carmem ou mesmo a Frida
alugo esses meus espirros e soluços de quase todos os dias
alugo somente os soluços de choro e sufoco, todos eles insossos e alguns ainda de odor à mofo
procuro um novo signo ou algum mantra, algo que faça sentido quando se pensa em paz
solicito por meio deste uma nota de jornal que, em letras garrafais, indique desespero e peça ajuda eficaz na cura da raiva, da minha raiva. paga-se bem.
quero de quem viaja cartão postal da Itália, de viagens dos outros recordações da minha lembrança
compro à quilo. somente aquilo que aquele que vende garantir ser camarada no preço.
compro aquilo que estiver de graça, compro a Graça, e depois vendo.
ela não me serve tão engraçadinha mesmo, como mentiu e escreveu um dia o seu Nelson.
deixo em apolices, seguros e testamentos para os amigos longínquos algumas feridas ainda não cicatrizadas, um maveric 75 vermelho e aquela polaroid rolley flex para bater fotografias em p&b. e para os amigos próximos, que restem o lucro de todas as negociações citadas logo acima.
assina ana, que ainda em vida não viveu nada dessa vida para saber que ela não sairá ganhando,
terça-feira, 6 de maio de 2008
de divagar, quase... parou.
pegou a camisa , a camisa amarela, botou fogo nela, queimou toda ela.
cantou uma bossa, uma das novas, de tão noiva, tão pouco filha, tão bela velha.
quis sorte de um trevo, de não mais que quatro folhas, não mais que três trevos, e não menos que quatro ou três soluços de acreditar.
leu no calendário verde, o dia do feriado, um dia cinza num feriado.
no meio da semana tinha uma quarta-feira.
divagou no vagão do trem treze, das onze horas, sobre a banda de marchinhas coro dos com dentes, e pegou no sono sorrindo um sorriso na chapa, um sorriso sem culpa.
pediu a brigitte, a brigitte bardot, que não envelheça, todos os nossos sonhos de namorar com ela.
e da marylin monroe, comprou o livro de retratos sensuais. ainda estava a enamorar com poses dela.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
devaneio variante
Se eu penso que, aos sete anos, o que me enchia até o pescoço de felicidade era escrever e desenhar com lápis-de-cor de ponta feita, parido de imediato do saquinho da papelaria; hoje o que me satisfaz é semelhante: com a os dedos incertos, pegar o grafite e riscar e riscar a página pálida até arredondar a ponta que é nova e partir daí para escrever.
As coisas não mudam tanto, as sensações não mudam nada. Somente as cabeças, que de pequenas, mentes nem cabem, é que variam.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
não era bastante largo
amor ao largo
buraco negro
ou prateado
vidas intensas
pós-modernas
Lyotard
Habermas
art-nouveau
sapateado
sexo dourado
a dois é tom
bola redonda
flamenga
poisada
a vida é breve
a alma pesada
e ela deitada
ruas de fumo
de areia lançada
é como um quadro
pintado
personificado
art-nouveau
sapateado
sexo dourado
a dois é tom
a noite é fria
castelo sonhado
e ela trazia
quimono azul
cavalo alado
sereia ao sul
licor de mel
pastel de atum
art-nouveau
sexo dourado
a dois é tom
e o job é bom.
e vejo que o magnetismo em você é maior que em qualquer personagem
uma vez desafiamos um ao outro no show do cubano ochôa à beira do guaíba, e eu nunca bebi tanta cerveja. eu havia dito que ela era uma falsa-inglesa, por beber pouco e por ser tão bonita. dançamos guantanamera e eu disse que ela tinha alma negra e caribenha, que era uma falsa-inglesa de verdade. ela ria e só ria, e sua boca me atraía como um sol. eu a beijei com meus olhos, e ela sorriu de novo, balançando os ombros e os cabelos louros, pedindo mais uma cerveja ao garoto que passava. blue eyes e filhas gêmeas, amante da poesia de e. e. cummings. penso nela e tenho saudades do que poderíamos viver, falar e rir juntos. se eu pudesse formular um desejo a respeito dela, eu diria apenas: "estar perto".