sábado, 8 de maio de 2010

Judeus e eu

Existe em minha casa uma sensação chamada Esperança. A vontade dela (pois é uma sensação cheia de vontades) é ganhar o planeta, ganhar um trabalho que lhe pague o ócio, ganhar um coração vermelho e cheio.
Existe nessa mesma casa uma árvore que dá romã. Judeus e eu acreditamos que a romã na virada do ano contribui pra que o próximo seja melhor do que o que vai embora. Eu também chamo isso de Esperança. Não sei os Judeus.
Existem também os seres florestais, as cantoras de jazz. Devem existir trocentas sensações esperançosas, quatrocentas certidões de Esperanças. Mas é só do ser de luz que habita as dependências da minha casa em quem eu penso quando eu leio poemas que tragam a sensação "Esperança" embutida. Quando eu penso que eu quero ver o rio se dissolver no mar do Egito. Quando eu quero sentir o destino dos ventos. Quando eu me entendo nesses textos e penso nos que não se entendem nos seus textos e sonhos.
Esperança Feitosa da Costa* é a pessoa mais bruta** que eu tive a oportunidade de conviver.
Mais bruta que qualquer trovoada seca.


O mar se disolve com o Rio e os pássaros da região, evidentemente, celebram.


*nome abolutamente fictício para melhor preservação da personagem citada;
**é necessário a reflexão sobre a essência da palavra "bruta".