quinta-feira, 21 de julho de 2011

sina clandestina, ou, como é gostoso ter angústia



luz sem vergonha,

me faça plástica, me faça castanha.
me faça parar esse nariz que chora.
me faça cessar esse olho que dorme.
me dê de comer a esses dedos que escrevem.
me tire as terças-feiras das semanas.
me deixe ver por janelas de video cassetes.
me dê maçanetas para abrir as portas largas.
e então, me dê um espelho no quarto para que eu possa ver minhas costas quentes.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

o trisco e o trago



o oposto da trip é o fogo.
o oposto do som é o dente.
o oposto do peso é o choro.
o oposto do vento é a garganta.
o oposto do osso é o sono.
o oposto do pilar é o azul.
o oposto da cor é a corda.
o oposto do anjo é a água benta.
o oposto de mim é a carne fraca, também oposto do osso.
o oposto da bicicleta é o maiô.
o oposto da vista é o chão.
o oposto da dor é o cangote.

o amigo da pedra é o caminho.
o meu amigo é o meu asfalto.

junho|2011
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