sábado, 17 de maio de 2008

nota pra quem nota - parte 1

eu preciso falar contigo, sobre o que não pode ser rápido, fácil ou calmo. é sobre o que é frágil e é tormenta agora aqui comigo. se houver o Olho-de-tufão, apelido meu coração assim. e é de Saudade o que nomeio as novas águas que saem do meu olho esquerdo. as do direito se chamam Sinto-falta.

vendo alma vagabunda com tatuaje del che



vendo o copo d'água amargurado, que dentro leva alma moída, talhada em milímetros
vendo a água de um copo que já bebi e deixei saliva seca na borda
troco o meu troco na bala por um petisco vencido que possa me sujar os dedos, "-facilite seu quitandeiro!"
troco o espelho de pó compacto, quebrado em quatro por qualquer cópia fajuta num quadro de Magdalena Carmem ou mesmo a Frida
alugo esses meus espirros e soluços de quase todos os dias
alugo somente os soluços de choro e sufoco, todos eles insossos e alguns ainda de odor à mofo
procuro um novo signo ou algum mantra, algo que faça sentido quando se pensa em paz
solicito por meio deste uma nota de jornal que, em letras garrafais, indique desespero e peça ajuda eficaz na cura da raiva, da minha raiva. paga-se bem.
quero de quem viaja cartão postal da Itália, de viagens dos outros recordações da minha lembrança
compro à quilo. somente aquilo que aquele que vende garantir ser camarada no preço.
compro aquilo que estiver de graça, compro a Graça, e depois vendo.
ela não me serve tão engraçadinha mesmo, como mentiu e escreveu um dia o seu Nelson.
deixo em apolices, seguros e testamentos para os amigos longínquos algumas feridas ainda não cicatrizadas, um maveric 75 vermelho e aquela polaroid rolley flex para bater fotografias em p&b. e para os amigos próximos, que restem o lucro de todas as negociações citadas logo acima.
assina ana, que ainda em vida não viveu nada dessa vida para saber que ela não sairá ganhando,

terça-feira, 6 de maio de 2008

de divagar, quase... parou.


pegou a camisa , a camisa amarela, botou fogo nela, queimou toda ela.
cantou uma bossa, uma das novas, de tão noiva, tão pouco filha, tão bela velha.
quis sorte de um trevo, de não mais que quatro folhas, não mais que três trevos, e não menos que quatro ou três soluços de acreditar.
leu no calendário verde, o dia do feriado, um dia cinza num feriado.

no meio da semana tinha uma quarta-feira.
divagou no vagão do trem treze, das onze horas, sobre a banda de marchinhas coro dos com dentes, e pegou no sono sorrindo um sorriso na chapa, um sorriso sem culpa.
pediu a brigitte, a brigitte bardot, que não envelheça, todos os nossos sonhos de namorar com ela.
e da marylin monroe, comprou o livro de retratos sensuais. ainda estava a enamorar com poses dela.